Em uma de suas últimas cartas aos acionistas como CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett anunciou que pretende acelerar os planos de doar grande parte de sua fortuna pessoal —estimada em US$ 150 bilhões— às fundações filantrópicas de seus três filhos.
“Meus filhos estão agora em seu auge em termos de experiência e sabedoria, mas ainda não entraram na velhice”, escreveu Buffett, 95, referindo-se à filha e aos dois filhos, com idades entre 67 e 72 anos.
O investidor bilionário já havia informado, em maio, que deixará o comando da Berkshire no fim deste ano. O posto será assumido por Gregory Abel, 63, que entrou no grupo em 2000, quando a empresa comprou a companhia de energia que ele dirigia.
“Greg entende muitos dos nossos negócios e pessoas muito melhor do que eu atualmente”, escreveu Buffett.
Abel herdará um conglomerado com presença global e um valor de mercado superior a US$ 1 trilhão. As ações “classe A” da empresa encerraram a sexta-feira cotadas a US$ 748.320 cada.
Durante 60 anos, Buffett transformou a Berkshire —originalmente uma fábrica têxtil— em um grupo que espelha boa parte da economia americana, com participações em empresas como Geico, Dairy Queen, See’s Candies, Fruit of the Loom, Benjamin Moore e NetJets.
Suas cartas anuais aos acionistas se tornaram lendárias, misturando análises econômicas, conselhos de investimento, reflexões pessoais e relatos sobre as operações de ferrovias, energia e varejo do grupo. Abel já disse que pretende manter a tradição.
Na mensagem divulgada nesta segunda-feira (10), Buffett afirmou que está “se recolhendo”, mas não totalmente. Ele prometeu continuar enviando uma carta anual no Dia de Ação de Graças. O texto, em tom nostálgico, serviu também para tranquilizar investidores sobre sua saúde.
“Embora eu me mova lentamente e leia com dificuldade crescente, continuo no escritório cinco dias por semana, trabalhando com pessoas maravilhosas”, escreveu. “Ocasionalmente, ainda tenho uma boa ideia —ou recebo uma oferta que talvez não chegasse até nós de outra forma.”
Fiel à sua origem em Omaha, Nebraska, Buffett voltou a exaltar os EUA, país que descreveu como imperfeito, mas repleto de oportunidades. “O centro dos Estados Unidos foi um ótimo lugar para nascer, criar uma família e construir um negócio”, escreveu.
A Berkshire tem hoje uma das maiores reservas de títulos do Tesouro americano, com mais de US$ 300 bilhões em caixa. Buffett aproveitou a carta para lembrar os investidores de que, apesar das falhas do sistema, é preciso reconhecer o papel do país em abrir caminhos para a prosperidade.
“Lembre-se de que a faxineira é tão humana quanto o presidente do conselho”, concluiu, antes de encerrar com o humor característico: “Desejo a todos um feliz Dia de Ação de Graças. Sim, até aos chatos —nunca é tarde demais para mudar.”


