Em 2012, ano de criação do RUF (Ranking Universitário Folha), o ensino a distância respondia por apenas 16% das matrículas no ensino superior, aproximadamente 1,1 milhão entre 7 milhões de alunos.
Pouco mais de uma década depois, o cenário se inverteu, e a modalidade EAD (Ensino a Distância) concentra hoje a maior parte dos alunos matriculados no ensino superior.
Nos resultados do Censo da Educação Superior 2024, divulgados recentemente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o país soma 10,22 milhões de estudantes, dos quais 5,18 milhões (50,7%) estão matriculados em cursos EAD, número que já supera o de alunos do ensino presencial (5,03 milhões).
O avanço da modalidade, impulsionado sobretudo pelo setor privado, que soma mais de 95% das matrículas, representa um crescimento de mais de 370% em relação a 2012. Apesar disso, os dados oficiais ainda não permitem uma análise aprofundada do que está acontecendo no ensino a distância no Brasil.
Diante do crescimento expressivo dos cursos EAD, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu um novo marco regulatório para conter a expansão desordenada do setor.
A medida responde a uma demanda antiga de diferentes segmentos da sociedade pela garantia da qualidade da formação e pela definição de parâmetros claros para a avaliação dos cursos a distância.
Há alguns anos, o RUF estuda a criação de uma classificação específica para os cursos EAD, com a introdução de novos indicadores e a revisão de outros.
O ranking, que avalia anualmente todas as universidades brasileiras, públicas e privadas, e mais de 19 mil cursos presenciais das 40 carreiras de maior demanda no país, acompanha de perto o crescimento do ensino a distância e as demandas por instrumentos de avaliação que contribuam para uma educação de qualidade.
O Inep vem trabalhando na atualização dos questionários do Censo da Educação Superior para adequá-los às mudanças previstas no novo marco regulatório. Segundo o órgão, a equipe técnica já finalizou a fase de pré-teste, e a aplicação dos novos instrumentos será implementada na próxima edição da pesquisa estatística.
Em outra frente, a Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância) lançou, em maio, um selo de qualidade para instituições de ensino superior e cursos. O selo é concedido a partir de candidaturas voluntárias e, portanto, não analisa nem classifica o conjunto total da oferta dos cursos EAD no país.
O movimento em direção a novos rankings voltados à avaliação do ensino a distância não se restringe ao Brasil. No final de 2024, o ranking britânico THE (Times Higher Education) lançou uma iniciativa piloto dedicada exclusivamente à modalidade.
O objetivo é avaliar, globalmente, a excelência do ensino a distância em instituições de ensino superior.
As universidades são classificadas em três categorias, ouro, prata e bronze. A PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) foi a única brasileira a alcançar uma dessas distinções, recebendo a prata.
O futuro RUF EAD, desenvolvido a partir de uma metodologia própria para a modalidade, deve se tornar uma ferramenta importante para medir a qualidade dos cursos e instituições, além de apoiar o aperfeiçoamento das políticas públicas de ensino superior no país.


